Resenha: O Circo Mecânico Tresaulti - Genevieve Valentine

Título: O Circo Mecânico Tresaulti
Autor(a): Genevieve Valentine
Editora: DarkSide
Páginas: 320
“Respeitável público, sejam bem vindos ao incrível Circo Mêcanico Tresaulti, o lugar para quem acredita no mundo mágico que nos rodeia. Permita-me conduzi-lo por uma viagem única através da luz e das sombras onde descobriremos juntos uma nova forma de ver tudo e a todos. Onde não existe limite entre o picadeiro e a plateia, onde tudo é real e o único limite é a nossa vontade de sonhar.” Às vezes, o mundo pode parecer um lugar desolador e escuro, formado por vastas amplidões cheias de conflito, onde o que todos procuram é se agarrar a algo que os faça sobreviver ao dia seguinte. Pois em O Circo Mecânico Tresaulti esse deserto cheio de perigos é atravessado pela magia de uma potente força criadora, capaz de devolver a integridade emocional e física a quem se juntar à trupe. Em pleno cenário pós-apocalíptico, O Circo Mecânico Tresaulti ergue sua lona e dá início ao grande espetáculo. Ambientado sobre a perigosa superfície de um mundo devastado, cheio de bombas e radiação remanescentes de uma guerra pela qual todos já saíram derrotados, este belo romance nos apresenta uma caravana circense em eterna viagem através de muitas cidades sem país, região ou rota definida. Lugares que podem não mais existir quando o circo retornar. Aqueles que se juntam ao circo procuram segurança, trabalho sem risco de vida ou apenas uma nova forma de recomeçar. E seguir adiante, apesar de tudo. Boss, a força motora do circo, agrega novos personagens, atraídos pela sua habilidade muito especial para recuperar corpos mutilados pela guerra, criando assim magníficos seres mecânicos pós-humanos – repletos de complexas engrenagens, placas de ferro, pétalas de cobre, pulmões relojoaria, rodas e pistões –, cada um trazendo para o circo algo nunca visto e sentido antes. O público se aglomera para ver de perto as proezas desse grupo de pós-humanos fascinantes mas por vezes sombrios. É nesse picadeiro que enxergamos uma parte de nós em uma delicada lente de aumento. Seguimos adiante cercados por personagens como Ayar, o homem forte, os irmãos acrobatas Grimaldi e o incrível trapézio vivo de Elena, além de um enigmático par de asas, objeto de uma guerra secreta nos bastidores do circo mecânico.
Simplesmente não tenho palavras suficientes para elogiar o trabalho da DarkSide, está tudo impecável e maravilhosamente lindo. A capa é sensacional, além de ter uma textura aveludada e o trabalho interno?! Ilustrações nos ajudam a imaginar o mágico mundo do Circo Mecânico. 

Em um mundo devastado por guerras e bombas, aonde cidades lutam para se reerguer dos escombros e manter-se até o próximo governo, não é tão ruim assim poder fugir da realidade aterradora e de uma vida miserável juntando-se ao circo. 

O Circo Mecânico Tresaulti é comandado por Boss, uma bela mulher que tem uma voz encantadora e uma habilidade de persuasão grande, mas ela também tem um estranho poder, e o usa em seus artistas. Ela pode consertar, curar ou salvar (como preferir) humanos usando peças e pedaços de metal. Todos os que se apresentam no picadeiro do circo já passaram pelas mãos de Boss e possuem alguma parte de metal ao invés dor órgãos usuais. 

Mas, em um mundo como o apresentado no livro, aonde guerras surgem a todo o momento e o governo é apenas uma ideia fixa representada por mais homens em um curto espaço de tempo do que possível ter pessoas parte humanas parte metal que são extremamente resistentes pode atrair atenção indesejada. 

“‘Senhoras e senhores’, ela chama (...) sua voz sozinha mudou o ar, e quando ela continua, ‘Bem vindos ao Circo Mecânico Tresaulti!’, você aplaude como se sua vida dependesse disso, sem saber porquê.” pág. 13

Genevieve Valentine criou um universo aterrador, sombrio, mas também maravilhosamente lindo e atraente. Apesar das dificuldades, mistérios perturbadores e o clima sinistro eu queria, a todo o momento, mergulhar no livro e me tornar parte dessa trupe tão peculiar. E, é claro que a escrita da Genevieve tem muito a ver com isso. Com uma escrita diferente, ela conduz com maestria esse charmoso espetáculo que é essa história. 



Realmente, a escrita dá vida a essa história; a maneira como tudo é caracterizado e a sutileza com que vamos sendo introduzidos no Circo Mecânico, e ao pouco vamos conhecendo cada personagem e entende-os melhor. Quem nos leva nessa viagem pelo circo é Little George, o menino que cola os cartazes e anuncia a chegada do circo a uma cidade que poderá não existir mais quando eles retornarem. Com sua visão ingênua e inocente do circo, os mistérios, laços e disputas nos bastidores do picadeiro vão sendo descortinados. 

Alguns personagens realmente me tiraram o sono. Tudo é tão intenso e ínfimo ao mesmo tempo, e não há nada de simples em nenhum deles. Elena, a líder das trapezistas foi a que mais me intrigou, e Stenos também em sua busca e disputa com Bird pelas asas, a maior criação de Boss. 

Os sentimentos estão em focos nessa história e Elena é uma caixinha de surpresas. Little George e sua visão do circo são inspiradoras e indulgentes, me apeguei muito a ele durante a história. Na verdade, me apeguei a todo O Circo Mecânco Tresaulti e fiquei imensamente triste quando terminou, mas a boa notícia é que eu sempre posso voltar e reviver esse grande show!

“George olha para o céu (...). Há coisas sobre o circo que ele está começando a compreender” pág. 312 


Um comentário:

  1. Eu ando louca pra ler esse livro, e essa é a primeira resenha que consigo encontrar boa o suficiente pra eu ter certeza que ele não é um livro de capa. E darkside como sempre rouba nossos corações e nos deixa completamente encantados.

    Angel - http://coracao-de-leitora.blogspot.com.br/

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